Esquadrão Senta a Púa – Parte 2

29/07/2010

Conheça a seguir duas aeronaves clássicas que marcaram a história do esquadrão Senta a Púa.

P-47D, veterano da Segunda Guerra Mundial

Pode-se afirmar que o Republic P-47D Thunderbolt foi o vetor mais importante na formação dos primeiros pilotos de caça da FAB. Durante a Segunda Guerra onde um pequeno grupo de pilotos e especialistas, todos voluntários, foram treinar em bases da USAAF nos EUA onde conheceram o mais robusto e pesado dos caças monomotores em atividade. Enviados para o MTO, Itália, acumularam preciosa experiência em combate no Thunderbolt. Mais tarde sendo trazido para o Brasil.

F-5E Tiger II

Os F-5 E brasileiros tornaram-se mundialmente célebres durante a Guerra das Malvinas, quando interceptaram um bombardeiro Vulcan inglês que entrara em nosso espaço aéreo. Executando missões de Interceptação e Ataque ao Solo, o F-5 E é, juntamente com o Mirage 2000, a primeira linha de defesa de nosso espaço aéreo.

A Força Aérea Brasileira definiu que era necessária a modernização de seus aviões F-5E. A Embraer, principal contratada, e a Aeroeletrônica, subsidiária da israelense Elbit, garantem o domínio brasileiro sobre as tecnologias críticas do projeto, isto permitirá a integração de novos softwares e armamentos, além de assegurar o sigilo sobre características vitais do sistema de armas. A solução foi de longe o mais moderno e adequado programa de atualização para o F-5E/F. Ela inclui a última tecnologia disponível, com a capacidade técnica de ambas empresas para desenvolver a solução certa para os cenários operacional e orçamentário da Força Aérea Brasileira.

Contribuição Senior Lucas Ribeiro Diaz, Patrulha Senta a Púa, GEAr Ventos do Sul.

Esquadrão Senta a Púa – Parte 1

22/07/2010

O 1º Grupo de Aviação de Caça na Itália, 1944-1945

O 1ºGpAvCa, Grupo de Aviação de Caça, foi formado em 18 de dezembro de 1943, composto por pilotos da FAB, voluntários. Seu Oficial Comandante foi o Ten.-Cel. -Av. Nero Moura.
O Grupo tinha um efetivo de 350 homens, incluindo 43 pilotos, e foi enviado ao Panamá para ser treinado como unidade de caça pela USAAF, uma vez que seus pilotos já tinham experiência de vôo. No dia 11 de maio de 1944, o Grupo foi declarado operacional e passou a operar de forma independente nas missões de proteção à Zona do Canal. Em 22 de junho, o Grupo foi enviado aos EUA para um curso de conversão operacional no Republic P-47D Thunderbolt, avião que iria equipar o Grupo. O 1ºGpAvCa embarcou para a Itália em 19 de setembro de 1944, chegando em Livorno no dia 6 de outubro. Passou então a fazer parte do 350th Fighter Group USAAF, unidade formada em 1º de outubro de 1942 na Inglaterra.

Símbolo do 1º Grupo de Aviação de Caça

O símbolo do 1ºGpAvCa O símbolo (ou “bolacha”) do 1ºGpAvCa foi idealizado pelos Ten.-Av. Rui Moreira Lima, Ten.-Av. José Rebelo Meira de Vasconcelos, Ten.-Av. Lima Mendes e pelo Cap.-Av. Fortunato C. de Oliveira, e desenhado por este último, quando do deslocamento do Grupo para a Itália, a bordo do navio transporte UST Colombie. Sua

composição pode ser descrita, conforme as palavras do próprio autor, como segue: A moldura auriverde simboliza o Brasil; O campo rubro sobre o qual se situa o avestruz guerreiro representa o céu de guerra onde combatiam os pilotos de caça; A parte inferior, onde está pousada a figura principal, são as nuvens brancas, o chão do aviador; O escudo azul com a constelação do Cruzeiro do Sul é o símbolo usual que caracteriza as forças armadas do Brasil; O avestruz

representa o piloto de caça brasileiro, tendo como inspiração a fisionomia do Ten.-Av. Lima Mendes, com seu perfil aquilino, e ainda o estômago dos veteranos do 1ºGpAvCa; O quepe branco caracteriza mais nitidamente a sua nacionalidade (parte do uniforme da FAB, à época); A arma empunhada pelo avestruz é a representação do poder de fogo do P-47, com suas oito metralhadoras .50; O dístico “Senta a Pua!” é o grito de guerra do 1ºGpAvCa; O risco, à direita, que é encimado pela explosão de um obus, foi acrescentado posteriormente, quando o 1ºGpAvCa entrou em

combate, e representa a incessante e certeira ação da artilharia antiaérea inimiga que fustigava os caçadores no teatro italiano (tal adição só apareceu nas aeronaves recebidas como reposição por perdas). O uso de um avestruz como símbolo dos pilotos de caça brasileiros remonta ao início da década de 40, quando pilotos brasileiros eram enviados aos Estados Unidos para transladarem, por via aérea, as inúmeras aeronaves adquiridas pelo Brasil, tanto de combate

como de treinamento. A estada naquele país trouxe aos pilotos novidades quanto aos hábitos alimentares: feijão açucarado (“baked beans”), ovos e leite em pó, dentre outros. O então Cel.-Av. Geraldo Guia de Aquino comparou-os a um bando de avestruzes e o apelido pegou. O grito de guerra “Senta a Pua!” foi sugerido pelo então Ten.-Av. Rui, o qual ouvira-a do então Cap.-Av. Firmino Alves de Araujo, na Base Aérea de Salvador; era uma expressão que concitava os

companheiros e subordinados a cumprirem rapidamente as missões e ordens que dele recebiam. Ficou sendo, para a FAB, o equivalente ao “Tally-Ho!” britânico e ao “A la chasse!” dos franceses.

Em ação!

Os pilotos brasileiros voaram inicialmente, a partir de 31 de outubro de 1944, como elementos de esquadrilhas dos esquadrões norte-americanos do 350th FG. A partir do dia 11 de novembro, o Grupo passou a montar suas próprias operações, voando a partir de sua base em Tarquinia, usando o indicativo de chamada Jambock. Pilotos das esquadrilhas Verde, Vermelha e Azul. O Grupo era dividido em quatro esquadrilhas, Vermelha, Amarela, Azul e Verde.

Cada esquadrilha era composta por 12 pilotos aproximadamente, os quais voavam em conjunto desde o seu treinamento no Panamá. Um piloto usava costumeiramente uma “echarpe” nas cores de sua esquadrilha. O comandante do Grupo e alguns outros oficiais não eram ligados a qualquer esquadrilha

Os Resultados

O 1ºGpAvCa voou um total de 445 missões, 2.550 missões individuais e 5.465 horas de vôo em combate, de 11 de novembro de 1944 a 4 de maio de 1945. O “XXII Tactical Air Command” reconheceu a eficiência exibida pelo Grupo, atestando que, no período entre 6 e 29 de abril de 1945, ele voou apenas 5% do total de missões efetuadas por todos os

grupos sob seu controle, porém destruiu 85% dos depósitos de munições, 36% dos depósitos de combustível, 28% das pontes (19% danificadas), 15% dos veículos motorizados (13% danificados) e 10% dos veículos hipomóveis (10% danificados). Os feitos do 1ºGpAvCa durante a Campanha da Itália foram ainda mais enaltecidos no dia 22 de abril de 1986. Nesse dia o Grupo recebeu, das mãos do Sr. Embaixador dos EUA no Brasil, acompanhado do Secretário da Força

Aérea dos EUA, a Presidential Unit Citation (Air Force), concedida pelo governo norte-americano. É para nós motivo de orgulho sabermos que, à parte outras poucas unidades da USAF, apenas o 1ºGpAvCa e duas unidades da Royal

Australian Air Force – os Esquadrões 2 e 13 – foram agraciadas com tal comenda. “Seus feitos permanecerão vivos enquanto os homens voarem. Suas vitórias, no campo de batalha, estarão em nossos corações enquanto os homens honrarem o heroísmo e a coragem.”

Contribuição Senior Felippe Terra, Patrulha Senta a Púa, GEAr Ventos do Sul.

Drei Mal Tausend, o bombardeiro invisível nazista

14/07/2010
PODERIA FACILMENTE SER UMA DAS NAVES DE STAR WARS, OU UMA VERSÃO MAIS MODERNA DO BILIONÁRIO BOMBARDEIRO AMERICANO INVISÍVEL B-2 SPIRIT. MAS AS ENORMES CRUZES NEGRAS NA ASA SUGEREM OUTRA HISTÓRIA.
TEXTO E FOTOS RON LAYTNER

TRÊS VEZES MIL – Em 1943, os bombardeiros alemães não eram mais páreo para a velocidade e manobrabilidade dos caças Spitfire Mark IX ingleses. Para piorar intensamente a situação dos nazistas, os ingleses possuíam uma arma de eficiência devastadora, o radar, que alertava e direcionava os infernais aviões de combate britânicos a dizimarem os agressores. Para tentar fazer frente a essas enormes perdas, Hermann Goering, comandante da Luftwaffe (força aérea alemã) ordenou aos seus desenhistas militares que criassem um bombardeiro que satisfizesse o requisito Drei Mal Tausend, ou Três Vezes Mil, um avião que carregasse 1.000 kg de bombas por 1.000 km a 1.000 km/h. De todos os desenhos submetidos a Goering, apenas um foi aprovado.

O Ho 2-29 começava a ser concebido. A radical asa voadora de madeira, propelida a jato, foi um segredo conhecido por poucos e que poderia ter mudado o curso da Segunda Guerra Mundial. Esse avião em forma de morcego voaria mais rápido, mais alto e com maior autonomia que os caças britânicos, impedindo sua interceptação em voo. Mas mais importante do que tudo isso, em função de sua baixa assinatura nos radares, o Ho 2-29 deixaria as baterias antiaéreas aliadas ineficientes e atrasaria consideravelmente a decolagem e vetoração dos caças ingleses. Os projetistas dessa maravilha tecnológica foram os irmãos Walter e Reimer Horten que também foram pilotos do legendário caça alemão Messerschmitt Bf-109.

O HO 2-29 FOI USADO COMO MODELO PARA OS AVIÕES INVISIVEIS AMERICANOS

VINGANÇA “Walter perdeu centenas de colegas em combates aéreos, fazendo-o ferver com o sentimento de vingança. Isso o motivou a convencer seu irmão, Reimer, a desenhar um avião que fosse invisível ao sistema de radares da Inglaterra”, diz David Myhra, autor do livro Horten Brothers and Their All-Wing Aircraft. Reimer era um talentoso desenhista de planadores, obcecado com o conceito de asa voadora em função das suas características aerodinâmicas de baixo arrasto e desempenho superior.

O Ho 2-29 fez seu primeiro e bem sucedido voo experimental no Natal de 1944 e em seguida fez alguns voos de combate simulados contra o Messerschmitt ME 262, o único caça a jato operacional da Segunda Guerra. Para total espanto dos oficiais nazistas, o 2-29 superou o 262 em todos aspectos, mas como ainda era um protótipo, sua confiabilidade era baixa e num desses testes, uma turbina explodiu e o 2-29 se espatifou no chão. Felizmente, para os aliados, estes testes não valeriam de nada, pois a esta altura, tempo, dinheiro, pilotos e combustível eram preciosidades que os nazistas não tinham mais e o bombardeiro invisível nazista nunca chegou a entrar em produção.

O OBJETIVO FINAL DOS NAZISTAS ERA SOLTAR UMA BOMBA NUCLEAR EM NOVA YORK

ESTÚPIDOS! “Esses dois irmãos sabiam muito bem o que estavam fazendo em termos de invisibilidade, velocidade e autonomia de voo, provavelmente os únicos em toda comunidade aeronáutica da Alemanha nazista”, diz David Myhra. Mas nem todos concordam. Vários críticos dizem que os irmãos Horten não tinham a menor ideia do que estavam fazendo em termos de invisibilidade. Vejamos então: Reimar Horten decidiu pintar o exterior do avião com uma tinta de alta concentração de grafite, unir as várias camadas de madeira da fuselagem com uma mistura de cola e pó de carvão e construir o corpo do avião sem qualquer tipo de saliência. Reimar teve a estúpida ideia de que as ondas eletromagnéticas do radar seriam absorvidas pelo carbono, pelo grafite e pela fuselagem curva, sem protuberâncias.

Os engenheiros da Lockheed Martin, que construíram o caça bombardeiro invisível F-117 Nighthawk, o caça-bombardeiro invisível supersônico de supremacia aérea F-22 Raptor e o caça invisível de múltipla função F-35 Lightning II também são estúpidos e usaram as mesmas soluções estúpidas dos irmãos Horten para construir esses três aviões, combinando materiais que absorvem as ondas de radar com um formato de fuselagem que não reflete essas ondas de volta para sua origem.

Após quase um ano, 2.500 homens/hora de trabalho e US$ 250 mil, a réplica (que não voa) ficou pronta e o debate sobre suas capacidades de invisibilidade estaria para ser resolvido. O avião-morcego foi levado para o ultrassecreto centro de testes da Northrop, no deserto de Mojave, Califórnia, e colocado sobre uma coluna de 20 metros de altura enquanto era submetido a inúmeras sessões de pulsos eletromagnéticos de radares, idênticos aos usados na Segunda Guerra pelos aliados, para descobrir quão profundamente o Ho 2-29 poderia ter penetrado no sistema de radares terrestres ingleses. A conclusão dos testes? Assustadora.

EM TESTES ATUAIS, A VISIBILIDADE DO STEALTH NAZISTAS FOI REDUZIDA EM 20%

O nível de invisibilidade, combinado com a altíssima velocidade do 2-29, garantiriam que ele despejasse suas bombas sobre Londres, muito antes dos caças Spitfire estarem prontos para interceptá-lo. Este avião poderia ter feito uma enorme diferença no curso da guerra. Tom Dobrenz, engenheiro da Northrop que liderou o projeto de reconstrução comenta: “O radical desenho do Ho 2-29 produziu uma significativa vantagem em relação aos bombardeiros e caças contemporâneos, reduzindo sua visibilidade em 20%. Combine isso com sua tremenda velocidade e o tempo de detecção das estações de radar inglesas cairiam dos habituais 19 minutos para apenas 8! É incrível como os alemães estavam tão avançados tecnologicamente naquela época”. Dos tanques Panzer, foguetes V2, motores a jato até a tecnologia invisível, temos de admitir que alguns daqueles nazistas filhos da mãe eram brilhantes.

Fonte: Revista Maxim Brasil – http://maximbrasil.uol.com.br/sexo-jogos-mulher/20/artigo173817-1.asp